Brener Neves Silva
Geovanna Costa de Oliveira
Helione dos Santos Meireles
Jullie Adria Coelho Soares
Lucas Vinícius da Silva Rosário
Entre os principais teóricos do processo cinematográfico está Sergei Eisenstein, que se interessava sobre diversos temas no que tange ao cinema, como sua inspiração no teatro kabuki. Diante isso, Eisenstein começou seus estudos com o plano cinematográfico, afirmando que era um bloco de construção básico do cinema, mais precisamente, do diretor, onde este tinha a capacidade de “estruturar” o plano ou até mesmo transformar a realidade para mexer com a mente do espectador.
Ao analisar os
filmes produzidos nos primeiros anos do cinema, Eisenstein notou que todos eram
feitos em plano geral e foi completamente contra, pois afirmou que o cinema em
si não era apenas um registro da vida, como parecia ser nesses filmes que, para
ele, não tinha graça olhar muito tempo uma cena que já fora completamente
absorvida, era necessário que o espectador sentisse os conflitos numa trama
mediante os planos. O teórico quis dizer que a matéria-prima do cinema é o
plano, que possui sentido de construção e que pode ser manipulado para
direcionar efeitos na plateia. Efeitos esses que ocorrem por intermédio da
atração, já gerando não só uma construção do diretor, mas também do espectador
com relação a sua mente e suas possíveis reações.
Diferente de Arnhein e
Munsterberg, o cinema, para Eisenstein, poderia receber novas técnicas, mas não
para ser uma réplica fiel da realidade, pois era apenas uma construção do mundo
real. Todo o processo do plano foi baseado na neutralização, ou seja, na
harmonia e no equilíbrio, onde cada elemento não podia se sobressair a outro,
porém, mais tarde, o teórico notou que havia certa dominação que ocorria
naturalmente, mas continuou defendendo a neutralização. Diante isso, Eisenstein
percebeu que o verdadeiro significado do plano só aparecia quando estes eram submetidos
à montagem, que junta as “peças” para passar uma mensagem e direcionar o
público, sendo estabelecidos cinco métodos de montagem, que vão da mais simples
para a mais complexa, respectivamente: métrica, rítmica, tonal, atonal e
intelectual.
De forma geral, para Eisenstein, o filme era uma construção da
realidade composta por planos que eram colididos com a montagem para atrair e
passar determinadas mensagens para o público. Este cinema também foi retratado
pelo teórico fazendo uma relação com a máquina e o organismo, sendo que a
primeira condiz com o filme que funciona como máquina para obter os planos, as
atrações, a montagem e o enredo em si, pois passa por um processo construtivo.
Já a segunda considera o cinema de forma mística, como um meio de conhecer o
universo. Portanto, Eisenstein realizou um amplo estudo sobre as teorias do
cinema focando num cinema como construção.
Paralelo a isso, outro
teórico muito importante foi Béla Balázs, que se opôs em certas características
aos teóricos anteriores. Suas teorias coincidiram com o Movimento Formalista
Russo (1918 – 1930), que buscou criar uma forma para o cinema, sendo que o foco
inicial foram suas funções: prática (mais básica), teórica (de generalização),
simbólica (iconicidade) e estética (objetos como contemplação e o cinema como
arte). Balázs fora um teórico que não negou a realidade para o cinema e muito
menos as novas técnicas (primeiro plano, montagem, etc.), por isso concentrou
seus estudos partindo da economia, pois afirmava que o processo cinematográfico
só crescia quando havia dinheiro para investimento, logo, afirmava que o cinema
possuía uma linguagem e tema próprios e, de certa forma, acabou delimitando
esses conceitos.
Assim como os teóricos anteriores, Balázs também estabeleceu o
que acreditava ser a matéria-prima do cinema, que chamou de “assunto fílmico”,
ou seja, seriam determinados temas que ocorrem na realidade, mas que, ao irem
para o cinema, deveriam se adaptar com os padrões de um filme, tudo devido às
técnicas do cinema. É nesse ponto que o teórico afirma que os filmes não são
representações da realidade, mas são a humanização da natureza, pois precisam
obter um contexto naturalista.
Diante isso, Balázs passa a
retratar um aspecto muito importante para a compreensão de sua teoria, que é
familiarizar para depois desfamiliarizar dentro de um filme, ou seja, ir além
do compreensível com fusões, fades, dissolvências, close-up entre outros
aspectos para equilibrar o que parece com o real por meio da montagem, sendo
todos esses pontos considerados construções humanas. Portanto, partindo desses
conceitos, Balázs afirma que o cinema em si possui uma linguagem própria que
não deve ser confundida com a realidade tal como ela é, pois há padrões para
determinados temas reais estarem num filme, como a questão da montagem, afinal,
no mundo real não existem cortes e nem fades, logo, o cinema pode ser
considerado arte quando ocorre essa desfamiliarização por meio de close-up e
outros aspectos ligados aos microdramas (dramas pessoais).
"L'Atalante" (1934), de Jean Vigo. |
Um filme que
representa bem as teorias de Eisenstein e Balázs é o “L’Atalante”, de Jean
Vigo. Trata-se de uma história sobre um casal que se casa e passa a viver num
barco, onde a esposa acaba se transtornando por toda a situação e foge para
tentar outra vida em Paris. Observa-se, de forma clara, que o filme é baseado
em planos e montagem, pois atrai o espectador conforme o enredo da história,
sendo assim uma construção do diretor com o espectador, como já dizia
Eisenstein.
Além disso, é presente, no filme, a montagem tonal, dando certos
tons nas cenas do filme, como quando a noiva anda pelo barco e se destaca num
ambiente escuro com a água fluindo a sua volta. “L’Atalante” é um filme que já
possui vários movimentos de câmera, causando estranhamento no público,
familiarização e desfamiliarização, como o uso de close-up, movimentação de
câmera que funde com o fade, alternância de montagem para equilibrar o que
parece com o real, entre outras características das teorias de Bálazs.
Portanto, é um filme que contém muito das teorias de ambos os teóricos, desde o
cinema como construção do diretor que atrai o espectador até a montagem, muito
falada pelos dois.
A partir dessa discussão teórica, a equipe produziu o vídeo abaixo:
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